Desigualdade Social e o supérfluo. Desigualdade social e o supérfluo Quem não se lembra…
Meio ambiente, poluição e modernidade: O que fazer?
Sempre tratado como uma questão complicada, a utilização, e mesmo proteção, do meio ambiente sempre levanta debates. Principalmente com casos drásticos de acidentes ambientais, como, por exemplo, o acidente químico de Bhopal (Índia), em 1984; da contaminação de mercúrio em Minamata (Japão), em 1954; do vazamento de petróleo no Golfo do México, em 2010; e da recente ruptura da barragem de Mariana (Brasil), em 2015, que além dos desastres ambientais irreparáveis, prejudicou gravemente as comunidades locais em volta da mina.
E em todas essas situações além de serem exigidas medidas de segurança mais eficientes, sempre se levanta o debate a respeito da utilização e/ou aplicação de certos recursos naturais. Principalmente quando estes recursos estão relacionados à atividades econômicas tradicionalmente associadas a poluição, como a de empresas petroquímicas e energéticas. Que para se defenderem dessas acusações, os representantes dessas atividades alegam que suas atividades são geradoras de empregos, que medidas de amortização dos impactos ambientais tem sido elaboradas, ou mesmo argumentando que muitas dessas criticas feitas ao modelo econômico são ultrapassadas e até mesmo equivocadas.
Como no caso da suposta irrelevância da ação humana no chamado aquecimento global. Que segundo pesquisas realizadas, convenientemente, por pesquisadores contratados por essas mesmas empresas, o homem não teria relação com essa onda de aquecimento global. Mas sim um evento natural recente de aquecimento, uma vez que o planeta possui essa dinâmica de aquecimento/resfriamento em sua história como é verificado em estudos geológicos.
Entretanto um estudo realizado recentemente pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC na sigla em inglês), na qual reuniu 259 pesquisadores de diversas nacionalidades, inclusive do Brasil, constatou que os altos níveis de temperatura verificado entre os anos de 1951 e 2010 tem sim relação com as atividades humanas. Nessa pesquisa constatou-se que entre os anos de 1951 a 2010 a temperatura aumento em torno de 0,5 a 1,3 graus. Calor mais do que suficiente para aumentar o degelo das calotas polares e consequentemente a elevação em média do nível do mar em quase 26 cm. Pondo em risco dessa forma a sobrevivência de diversas espécies de seres vivos e de cidades costeiras. Isso porque a temperatura no planeta depende da constância de dois gases: o Metano e o CO2. E a queima de combustíveis fosseis liberam altas emissões de CO2 que se concentram na atmosfera, ajudando a canalizar o calor do sol, aumentando o efeito estufa, que se não for controlado provocará a redução das geleiras em até 94% e a elevação dos níveis do mar em 82 cm até o ano de 2100 segundo o IPCC. Entretanto, apesar desses estudos internacionais recentes esses conglomerados ainda insistem que o aquecimento global é um mito. O que faz todo o sentido, uma vez que seus negócios serão duramente afetados.
Mas essa discussão vai muito além de fatores econômicos. Existem questões de ordem social, política e mesmo cultural que devem ser analisadas. Na verdade uma nova consciência deve ser desenvolvida em todos os seguimentos da sociedade. Consciência essa que deve deixar claro a existência da responsabilidade humana pelas suas ações. Isso porque quando se trata da questão pertinente ao termo responsabilidade, mais especificamente a responsabilidade social, algumas proposições devem ser colocadas, e/ou elaboradas, para o debate da temática. Termo esse que deriva do latim responsus, particípio do passado de respondere, aonde RE significa “de volta, para trás”, enquanto SPONDERE remete a “garantir, prometer”. Nessa situação responsabilidade se destina como uma forma de obrigação pessoal ou coletiva, que quando atrelada ao termo social esta inferindo a ideia de que certas condições devem ser conquistadas para o bom andamento das relações na sociedade.
Ou seja, uma serie de estratégias devem ser tomadas para que a humanidade se desenvolva para um futuro prospero. Fazendo entender que as ações particulares não devem ser apenas executas com o viés da promoção pessoal ou do beneficiamento econômico desses mesmo particulares. Na verdade essa ações privadas envolveriam todo o âmbito da sociedade, o que incluiria o Estado e mesmo as instituições privadas, com a finalidade de desenvolver condições que permitiriam a humanidade desenvolver-se espiritualmente e não apenas economicamente. E nessa condição a educação é um poderoso fator nessa estratégia. Isso porque a educação enquanto meio de integração entre diferentes indivíduos, se configura como um meio que demanda responsabilidade pelos amplos setores da sociedade.
por Mauro Thiago da Silva Giovanetti. Sociólogo, professor e jornalista.