Tradições: Família Atual x Família Antiga Qual sua escolha ? Família Atual x Família Antiga…
Siegbert Zanettini é Arquiteto e Urbanista formado na FAUUSP em 1959, Doutoramento na FAUUSP em 1972, Livro Docência na FAUUSP em 2000 e Professor Titular na FAUUSP em 2002.
Reconhecido como um dos principais escritórios do segmento no Brasil, com mais de 54 anos de história, a Zanettini Arquitetura é uma empresa de excelência em design arquitetônico contemporâneo, planejamento urbano e consultoria para a construção civil. É também responsável pelo desenvolvimento de grandes projetos que se destacam no cenário da sustentabilidade, da eco-eficiência e dos green buildings brasileiros.
Projetos de centros de pesquisas, centros de educação ambiental, áreas corporativas, escolas, hospitais, clínicas, centros esportivos, centros de treinamento, bancos, shopping-centers, galpões industriais, revitalização de edifícios e centros urbanos, edifícios comerciais, layout de mobiliário, habitações uni e plurifamiliares e arquitetura de interiores estão entre os diversos segmentos da cadeia de construção civil desenvolvidos com a marca ZANETTINI ARQUITETURA.
Em sua trajetória profissional, o Arquiteto Titular Siegbert Zanettini recebeu inúmeros prêmios nacionais e internacionais, Prêmio 2011 Green Building Brasil – vencedor da categoria Obra Pública Sustentável com o projeto Ampliação do Centro de Pesquisas – Petrobras – CENPES Prêmio 2011 Green Building Brasil – vencedor da categoria Arquiteto Sustentável sendo último , o Prêmio Internacional do World Green Building Council, em San Francisco, USA, pela sua atuação e empreendedorismo. O prêmio reafirmou a posição da Zanettini Arquitetura no cenário contemporâneo, na vanguarda pioneira e inovadora onde vem desenvolvendo há décadas, novas tecnologias e sistemas de qualidade com ótimas condições ambientais.
Como e porque você decidiu ser um arquiteto?
Desde criança já tinha aptidão para desenhar, e preferia esta atividade sempre que possuía tempo livre. Durante o terceiro ano do colegial, no Dante Alighieri, o desenho de um prédio chamou a atenção de um professor Prof. Vicente Mecozzi, que chamou minha atenção para me tornar arquiteto. Eu nem conhecia esta profissão, pensava em ser engenheiro. No mesmo ano, fui premiado no colégio pelo desenho de um mural de 2m x 2m com uma prancheta, régua T, compasso, esquadro e todo o material completo de desenho. Montei um atelier. Graças a uma bolsa para um cursinho do Anglo, voltado para o vestibular de engenharia e arquitetura, fiquei em quarto lugar na FAU. Assim, como um jovem morador do Belém, um bairro operário, passei a fazer parte deste universo formado por pessoas de formação cultural mais elevada. Já no segundo ano do curso, minha aptidão na área de projetos era notada, com a criação de uma casa modernista inspirada em Richard Neutra.
Quais são as principais diferenças da profissão quando começou sua carreira e hoje?
A principal diferença é de comportamento. Estudava muito para entender o contexto que vivia, lia muito e fiz vários cursos de pós-graduação. A busca pelo conhecimento é constante ao longo da minha carreira. Ainda hoje mantenho a reflexão e o estudo em tudo o que faço. Meu pai era um grande marceneiro, que desenhava e vendia os móveis que produzia. Então, vejo a arquitetura como um ato empreendedor. Fui professor da FAU/USP por mais de 40 anos (parei de lecionar em 2004), portanto, mais de quatro décadas dedicadas à universidade e à profissão. Participei da criação do primeiro curso de arquitetura da Fundação Valeparaibana de Ensino (São José dos Campos) e fiz parte do primeiro grupo de professores doutores em Arquitetura. Assumi a chefia do departamento de arquitetura no período militar, que foi uma época rica em discussão e reflexão. De 1964 a 1968 lecionei voluntariamente… Em 68, com a carência de matéria-prima, utilizei restos dos trilhos de bonde em construções industriais.
Então, para mim, tanto no passado como no presente, a arquitetura é um ato de vida, não parte de um projeto de especulação imobiliária. Tenho uma visão mais ampla, de uma arquitetura voltada para um mundo mais equilibrado e belo, onde as cidades não são apenas locais de trabalho, mas de vida.
Estes conceitos também diferenciam a arquitetura praticada no Brasil e no exterior?
A arquitetura nos Estados Unidos, por exemplo, é vista como um investimento, algo que é devolvido para a comunidade, para uso coletivo. No Brasil estes são conceitos não se misturam. Precisamos ser mais úteis e lutar por cidades melhor planejadas. Os escritórios de arquitetura precisam encontrar uma maneira de levar os benefícios da sua atuação para o grande público, no que pode ser feito para tornar o país melhor – em tudo: no ensino, para as novas gerações, no desenvolvimento de obras de qualidade e importantes para a vida, de projetos que façam as pessoas se sentirem bem.
Pode dar exemplos de projetos seus com estas características? Elas estão presentes nas obras residenciais também?
Tenho diversos projetos com este foco: um edifício no Rio de Janeiro que usa a brisa marinha e a iluminação natural; o projeto da Graded School, onde a natureza faz parte de toda a obra e num espaço onde os alunos podem compreender a importância de respeitar e conviver com o meio ambiente, contribuindo para sua formação como cidadão; um projeto de uma casa em Atibaia, onde os recursos naturais são totalmente aproveitados; os projetos das Escolas Panamericanas, edifícios que marcam o espaço urbano onde estão localizados e tira proveito dos recursos naturais (iluminação e ventilação)… Desenvolvi um conceito que denomino como “A Arquitetura é o encontro do equilibrado e harmônico, entre o mundo racional e o sensível”. Em meus projetos procuro aplicar esta filosofia sempre!
Projetei mais de 500 residências e em todas procurei adequar ao meio ambiente e também no espaço urbano. Hoje há uma questão de segurança que dificulta esta integração e fez com que as cidades deixassem de ser um local de convivência. Há poucos espaços urbanos com esta proposta.
Como vê a arquitetura hoje, comparando-a com o início da sua carreira?
Cada obra deve ser adequada à sua época. O século XXI é do conhecimento, da criação. E hoje todos os profissionais deveriam usar seu potencial para criar um mundo melhor e mais, em harmonia com o meio ambiente.
Como é seu processo de criação?
Todas as minhas obras são desenhadas à mão, depois a equipe utiliza os programas de computador para fazer todo o detalhamento. O desenho, o uso da mão, conduz todo o processo criativo… Assim como Oscar Niemeyer, onde primeiro vem o traço. Mas hoje a tecnologia também é importante e eficiente.
Qual o projeto que mais gosta?
Todos têm a sua importância em seu contexto e no tempo. O projeto de ampliação do Centro de Pesquisas da Petrobras, Cenpes, considero como o mais completo exemplar de eco-eficiência e sustentabilidade do País, divisor de épocas que o coloca como paradigma. Ele representa uma síntese completa daquilo que eu penso, conceituo e crio.
Perfil
Quais são os Arquitetos e Designers que mais admira?
Frank Lloyd Wright, Rino Levi, João Filgueiras Lima (o Lelé), Bourle Marx.
Que tipo de música está ouvindo no momento?
Clássicos, Tom Jobim, Villa Lobos, música brasileira.
Que livros têm em sua mesa de cabeceira?
Gosto de ler livros de outras áreas, sobre humanidades, filosofia (o pensamento), poesia.
Como você se mantém informado?
Pela leitura de jornais, revistas. Leio todos os dias de 2 a 3 jornais e semanalmente boas revistas, como a Veja e a Isto É. Mas também leio livros sobre mestres como Norman Foster, Renzo Piano, Santiago Calatrava, Richard Rogers.
Onde você trabalha quando está criando seus projetos?
No escritório. O arquiteto tem de ser muito disciplinado.
Você discute seus projetos com outros arquitetos e designers?
Sempre. Com a equipe do escritório e com nossos parceiros.
Que conselho daria aos jovens arquitetos e estudantes?
Que continuem sendo estudantes a vida inteira.
O que você espera do futuro?
O tempo e a idade nos dão a capacidade de se sensibilizar, de se humanizar e entender a fragilidade humana e a importância do equilíbrio. As pessoas precisam deixar de lado este mundo consumista e se tornarem cidadãos de verdade, com direitos respeitados. Então, espero por um mundo melhor, onde todos se respeitem e ao espaço onde vivem, onde todos possam construir um mais justo.
Entrevista por:
Ricardo Cunha, Revista Família é Tudo.