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O Futuro será “BONECOLARIZADO!”
Mundo “BONECOLARIZADO!”
Quando meu filho disse essa frase, uma ficha enorme caiu na minha cabeça. Limpei o sangue, e constatei que a frase me iluminou como uma profecia para além do galo na cabeça. É isso! O futuro será dos bonecos! Entendi por que estou apaixonado pela secretária eletrônica do meu banco. Estou em sério relacionamento com aquela voz sensual. Nem ligo mais para saber o saldo, nem nada, quero só ouvir aquela voz me mandando digitar números e mais números. É alucinante! E, no aeroporto, então? Desde criança, ouço aquela mesma voz. A dona da voz deve estar com 70 anos, mas a voz continua com 25! Linda. Sim, com certeza, o mundo será cada vez mais “bonecolarizado”, um neologismo preciso para uma realidade perversa, se tomarmos “bonecos” como fantoches ou robôs em contraponto a “humanos”. Em certa medida, todos estamos nos tornamos um pouco fantoches ou “bonecolarizados”.
Desde a infância, sempre nos sentimos atraídos por representações do que amamos, como super-heróis, ídolos, carros, barbies e todas as fantasias materializadas em miniaturas inanimadas. Hoje, somos as próprias. Estamos conseguindo criar robôs com sentimentos de homens e homens cada vez mais insensíveis. Os “drones”, essas maravilhosas máquinas voadoras, nos vigiam e controlam. Cada passo é meticulosamente acompanhado, fotografado, filmado. As máquinas venceram. Sou cobrado por um cara que não existe, de voz grossa e ameaçadora. Bonecos fazem parte de um “sistema fictício” (até a prova em contrário!). A culpa é sempre do “sistema” que cai quando mais preciso. Mas, basta pisar na bola de alguma maneira, que o “sistema” surge com sua mão justiceira.Outro dia meu filho me chamou de dinossauro. Senti-me lisonjeado, pois na verdade pareço uma largatixa! No carro, sou comandado por uma voz educada que me manda entrar por aqui e por ali. Minha mulher se comunica com uma boneca virtual no site da sua loja de departamentos. E são grandes amigas.
À medida que os comandos de voz se tornarem mais cotidianos, a “bonecolarização” atingirá o seu grau mais espetacular. Poderemos passar dias e até meses sem encontrar as pessoas que vivem sob o nosso mesmo teto. Hoje, na porta do banco, uma bela voz me mandou retornar para trás da linha amarela inúmeras vezes e tentar entrar de novo, até eu perder a paciência. Isso, com um boneco nunca aconteceria. Ele é muito mais calmo e calculista. Impassível, iria tentar entrar no banco até conseguir, sendo programado para isso. Eu não sou. Talvez, estejamos precisando aprender com os bonecos a ter mais calma e racionalidade. E no shopping? Quanta simpatia! “Bem vindo e boas compras!” Isso soa, às vezes, como uma sentença de morte! Nas redes sociais, os avatars e as ícones se apaixonam perdidamente uns pelos outros todos os dias. Têm vida própria e nem precisam mais de seus donos. Logo, se reproduziram sem controle.Ai, sim, teremos o mundo “bonecularidado”! Seremos sumariamente descartados, graças à nossa obsolescência programada, ou reciclados – virando extrato de gente, e vendidos por camelôs-robôs como souvenir.