Mangalarga Pampa

Posted By on maio 24, 2017 | 0 comments


Zagros do Pec

Zagros do Pec

Com um relacionamento que remonta entre 5.500 a 6.000 anos atrás, a domesticação do cavalo moderno é recente quando comparada com animais como cachorros (entre 27.000 a 40.000 anos atrás) ou gatos (9.500 anos atrás aproximadamente). Claro que essa domesticação não ocorreu da mesma forma, ou ao mesmo tempo, em todas as regiões. Mas o que se sabe com base em pesquisas arqueológicas que em regiões da Eurásia, mais especificamente nas regiões da atual Ucrânia, sudeste Russo e Cazaquistão, os humanos já domesticavam esse animal para fins diversos.

E assim como ocorreu com diferentes espécies animais e vegetais domesticadas pela humanidade ao longo da história, características físicas diversas foram sendo reforçadas ou introduzidas nesses equinos de acordo com a necessidade ou interesse dos criadores num processo conhecido na ciência como seleção artificial. Esse processo dará origem as principais raças de cavalos existentes no mundo atualmente, na qual podemos destacar a raça brasileira Mangalarga.
Originalmente desenvolvida na região do sul de Minas Gerais no século XIX, e posteriormente em São Paulo¹ , a raça Mangalarga é fruto do cruzamento das raças Alter-Real com o Andaluz ainda durante o período imperial. Posteriormente a raça foi aperfeiçoada através de novos cruzamentos entre cavalos PSI, Árabe, Anglo-Árabe e American Saddle Horse, dando ao equino a sua atual configuração de ser um cavalo de sela, voltado principalmente ao trabalho e aos esportes hípicos.

O Mangalarga é um animal bastante resistente, capaz de percorrer grandes distâncias e umas das suas principais características é a chamada marcha trotada, que diferencia-se do trote por manter um tempo mínimo de suspensão entre os apoios, isto é, quando o animal fica totalmente desvinculado da superfície. E além disso a extensa variedade de cavalos usadas para a formação do raça Mangalarga, ajudou a desenvolver alguns animais com uma pelagem malhada, na qual foram batizados de Mangalarga Pampa ou Marchador Pampa, na qual não chega a ser exatamente uma nova raça equina, mas tipos de Mangalarga.
O nome “Pampa” vem do fato histórico desses animais terem sido usados durante a Guerra dos Farrapos pelo exercito do brigadeiro Rafael Tobias Aguiar, em meados do século XIX, o que acarretou na classificação de cavalos dos Pampas, isto é do Rio Grande do Sul, no resto do país. E durante muito tempo não foi uma raça apreciada pela elite brasileiro por preferirem raças europeias, contudo, o animal pela sua beleza e docilidade sempre foi apreciado pela população comum, principalmente quanto esta passou a ser usada em filmes western no começo do século XX.

Castelo OBC

Castelo OBC

E as principais características desse animal (Mangalarga Pampa) aceitas pelos criadores são:
A) Pelagem: malha conjugada com as pelagens consolidadas mantidas no regulamento oficial dos criadores, sendo que o animal deverá ter no mínimo uma área de pelos brancos sobre pele despigmentada medindo em torno de 100 cm2, podendo ser composta de no máximo duas manchas formando a área total. A despigmentação de crina e cauda podem ser de qualquer forma e tamanho expressivo.

B) Tamanho: porte médio a grande, estrutura e musculatura forte, proporcionada e bem distribuída, com ossos resistentes, articulações e tendões bem definidos, expressão vigorosa e sadia, temperamento altivo, brioso, enérgico e dócil. Pele e pelagem suaves.

C) Altura: mínimo de 1,45m para os machos e de 1,40m para as fêmeas.

D) Cabeça: de tamanho médio, harmoniosa, fronte ampla e plana, ganachas afastadas. 1) Perfil: retilíneo na fronte e chanfro;
2) Olhos: afastados, expressivos, grandes, salientes, com pálpebras finas e flexíveis;
3) Orelhas: proporcionais, de tamanho médio, paralelas, bem implantadas e bem dirigidas;
4) Narinas: grandes, flexíveis e afastadas. 5) Boca: de abertura média, lábios finos, justapostos e firmes.

E) Pescoço: leve em sua aparência geral, oblíquo, proporcional, de boa musculatura, apresentando equilíbrio e flexibilidade, de inserções bem definidas e harmoniosas, com sua borda superior ligeiramente rodada e retilíneo na borda inferior. Bem unido à cabeça por uma larga e limpa garganta, com inserção ao tronco no terço médio superior do peito. Crinas com cerdas (cabelos) finas e sedosas.

F) Tronco:
1) Cernelha: bem definida e musculada;
2) Peito: amplo, profundo, bem musculado e não saliente;
3) Costelas: longas e arqueadas;
4) Tórax: amplo e profundo;
5) Dorso: de comprimento médio, proporcional, de boa direção, musculado, bem unido a cernelha e harmoniosamente ligado ao lombo;
6) Lombo: curto, reto, largo, coberto por forte massa muscular, harmoniosamente ligado ao dorso e à garupa;
7) Flancos: curtos e cheios;Garupa: longa, ampla, musculada, levemente inclinada com a região sacral não saliente e de altura não superior à da cernelha;
8) Cauda: de inserção média, bem implantada, móvel, dirigida para baixo quando do animal em movimento, cerdas finas e sedosas.

G) Membros:
1) Espáduas: longas, amplas, obliqua, de musculatura forte e bem distribuída;
2) Braços: longos, musculosos, de boa angulação e bem articulados;
3) Antebraços: longos, retos e musculosos;
4) Joelhos: fortes, secos, bem articulados, e na mesma linha dos antebraços;
5) Coxas: longas, amplas e musculosas;
6) Pernas: fortes, longas e musculosas;
7) Jarretes: fortes, secos, lisos, bem articulados e aprumados e livres de taras;
8) Canelas: retas com tendões nítidos, sem estrangulamentos, sem taras duras ou moles. 9) Boletos: definidos e bem articulados.
10) Quartelas: médias, fortes, de boa angulação e bem articuladas;
11) Cascos: médios e resistentes;
12) Membros no conjunto: bem aprumados vistos de frente, de perfil e por trás, tolerando-se desvios parciais, porém penalizando aqueles considerados graves.

Hebreu Xadrez

Hebreu Xadrez

Hoje o valor de mercado mundial do Pampa é um dos maiores, com leilões ocorrendo quase que semanalmente pelo país, na qual atingem valores que variam entre 5.000 a 350.000 reais dependendo da genética. Atualmente é a raça equina mais criado no Brasil, principalmente para finalidade esportivas e de recreação, aonde temos um animal que tem todas as características do Mangalarga tradicional com a beleza exótica da malha.

por Mauro Thiago da Silva Giovanetti. Sociólogo, professor e Jornalista.

Paginação Reinaldo Thedy Rossignolo

[1] A versão desenvolvida em Minas Gerais é conhecido como Mangalarga Marchador (ou Mangalarga mineiro) e a versão paulista de Mangalarga Paulista (ou só Mangalarga).

 

 Alguns dos manga largas mais bonitos do Brasil

(Clique para Ampliar)

 

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